quarta-feira, 30 de julho de 2014

EUTOPIA


EUTOPIA


Eu venho de tão longe...
Venho de dentro de mim
Venho da poesia buscada
Que outros olhos não ‘vê’

Eu venho de tão longe
Venho de um ‘desde sempre’
Onde há poesia encontrada
Que outros olhos não ‘vê’

Eu venho de tantos ‘sim’
De outras metades que é ‘não’
O fato é que eu venho
E se razão eu tenho
Eu venho de mim.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

ALGUÉM COM O NOME VOCÊ


Você, meu pronome pessoal. O Tu que não substitui ninguém, ofereceu o lugar ao Você. Eu, um pronome impessoal que se torna pessoa quando se une ao Você. Desse encontro semântico, nasce outro pronome, o nós.  Pessoalmente pessoal.
Li que a França um conde nos d’Eu. Príncipe imperial consorte do Brasil. Pudera “consorte” outros?  Eu. Com sorte d’Tu, com sorte d’Você que deixou de ser “vossa mercê” para merecer quatro letras, v... o ... c... ê... Pronome especial que me enche de risos e me traz ao coração uma infinitude de plural singular, nós... Assim, com gosto de para sempre... Ou de para nunca.
O Tu é informal, mas prefiro Você formal. Com seus adornos e charme. Esse pronome traz esperança no som, “vou ser”. Imagino tantas coisas a partir de um pronome. Vou ser... Você lírico, Você audaz, Você fugaz, Você Drummond... Você Lispector com seus enigmas.
Você, no meio de tantos pronomes, é, e será, o meu pessoal. Pro’nome ascender aos meus pensamentos, guardo-o “comigo” e os “contigos” consigo fixar no meu viver. Você, meu pronome principal!
Com um Você no coração, posso ir a tantos lugares... 
Tenho em mim o “Eu” lírico que se derrama em versos que ninguém quer saber, mas encontro no Você a poesia procurada. Eu e tu. O Som é dissonante. Lindo é o Eu e o Você. Não apenas soam harmoniosamente, como juntam as metades, Eu e Você. 

♫ 

FOTO PRONOME

FOTO PRONOME FICAR GRAVADO...


NO SER.

terça-feira, 15 de julho de 2014

INTUIÇÃO

INTUIÇÃO 

Hoje, enquanto escapava o tempo
Eu tive tempo, para pensar em mim
Para pensar em você... Para pensar em nós.
Somos distância... Somos pensamentos
Somos palavras... E intuição.

Hoje, depois de ver que me escapou o tempo
Pensei nos nossos momentos
Encontrei a mim... Encontrei a ti... Encontrei a nós.
Somos a soma dos instantes... Efeitos de risadas
Somos rimas... E intuição.

Hoje, enquanto passava o dia
Eu somente queria lembrar teu riso
Imaginar teus gestos... Gostar dos teus gostos
Cheirar teu cheiro.
Somos meninos... Somos adultos
Somos destinos... E intuição.

Hoje, enquanto eu imitava as horas
O coração coracionava ‘agoras’
Me enchi de demoras
Eu quis sonhar... Eu quis te ver...
Eu quis inspiração... E intuição.

Hoje quando a vida me enxergou pra valer
Eu quis abrir os abraços...
Me esconder entre qualquer braços
E pensar em mim... Pensar em você... E pensar em nós.
E ser humano... E ser metáfora
E ser poema... E intuição.

Somente hoje quando o sol me sorriu devagar
Eu arranquei o dia do tempo, me desfiz do mundo
Para pensar em mim... Para pensar em você...
Para pensar em nós...
Somos poesia... Somos mistérios...
Somos lonjuras... E intuição.


segunda-feira, 14 de julho de 2014

CASIMIRO DE ABREU - HOMENAGEM



SAUDADE

Meus oito anos, ainda respiro
Encho-me das auroras citadas
E das lembranças guardadas
Nos versos de Casimiro

 Eu que agora destino
Volto naquele menino
Cheio de modificações

Vestido de tempos
Sou a lembrança
Das declamações

Declamava Casimiro
Citava os versos seus
A aurora da minha vida
Em Casimiro de Abreu

Hoje adulto, sou menino
Carrego o Poeta no peito
Descrito em tons reais

Exalto seus versos imortais
Lembrando a infância querida
Que os anos não trazem mais

sexta-feira, 11 de julho de 2014

SOU FILHO DAQUI - QUANDO EU 'QUANDO'


FILHO DAQUI
(Quando eu “Quando”)


Quando eu quando
Sou filho daqui
De longos tempos
E de tempos em tempos
Sou filho daqui.

Quando eu volto
Quando eu penso
Quando eu sinto
Quando eu ouço
Ou quando,
Simplesmente quando.

Quando eu quando
Sou natural
Disperso informal
De estilo inocente
Das linhagens das gentes
Das bandas de cá.

Quando eu quando
Por inteiro me quebranto
Num vagar devagar

E num cantinho só meu
Guardo um quando de espanto
Que se quanda a cantar.

E o filho inocente
Quer o quando sorridente
Das bandas de lá.



terça-feira, 8 de julho de 2014

INQUIETAÇÃO


Não cabe no silêncio do mundo
O meu silêncio
Descabido
Inglório

Profundo.
Desapego do apego
Sobeja o vazio
Do medo
Vazio.

domingo, 6 de julho de 2014

CONECTIVOS



Anoitece em mim,
Nas madrugadas
Que anoitece
Às madrugadas,
O amanhecer.

Amanhece em mim
Um não sei o quê de quê
De um sim que é não
Que passa no passar
De um querer

Anoitece sim
Adormeço não
Salvo, ser, símbolo,
Soberbo Suave, coração.


Anoitece o ventre
Amanhece o corpo
O tempo é o ser
De um pouco
Tão solto

Clareia os perigos
Descabidos em desejos
Esclarece os sentidos
De um “mim”, um sou, um eu
Perdido...

sexta-feira, 4 de julho de 2014

É PRECISO SER SANTO, PRA SER SANTO


Tudo começa em um ponto. Os meios precisam ter início e fim; e o fim, início, meio e fim. Quando é o fim de um fim? Da mesma forma que é o começo de um começo. Abro a janela e vejo através dela outro igual a mim, com os olhos ultrapassando as vidraças. Nossos olhos buscam o infinito que chega devagar, às vezes feio e, em outras ocasiões, bonito. Mas não é um bonito que encanta, é um “bom nito” que alegra os olhos.
Enquanto dura o tempo da beleza, ficamos imóveis, até que passe o tempo do encanto para dar lugar ao costume. As belezas seriam inesperadas se não carregássemos conosco o verbo acostumar. Acostumamos, pois, não acreditamos nas surpresas de uma mesma coisa e uma mesma coisa pode ser nova todos os dias, basta mudar o jeito de olhá-la. Devagar ou apressadas, não importa. A demora de uma contemplação gasta a santidade de um santo.
Meus ouvidos e olhos me encheram de pedras. Separei-as para que o santo que há em mim não as atire em outros e fira alguém olhando pela janela porque penso: não se deve olhar pela janela. E fira também alguém que não passou pela porta no momento em que eu quis. Vivo entre o tempo de dois quereres, o que eu quero em mim e o que almejo nos outros. Esse último é sempre mais forte.
Ontem eu procurei por mim. Estava ocupado qualificando as pedras. Ao meu redor havia muitos olhando pela janela e outros muitos desejando as portas.
            Acordei numa aldeia. O sol sorria lá do alto, e no arraial as pessoas caminhavam apaixonadas por seus costumes. Alguns amavam a aldeia e se exaltavam nela. Outros defendiam as estradas. Há o amor que ama e há o amor que diz amar. Ninguém se confiava, porque não amavam o amor. Nos tempos de muita fé, descubro um pouco de Narciso em mim. Sou como os outros. Sou a virtude da vaidade. Quanto ao lado que se começa um ponto, deixo por decidir. Alguém já disse: de qualquer lado você pode estar certo, mesmo estando certo do lado errado.