sexta-feira, 9 de junho de 2017

PARA QUE SERVEM AS PORTAS?


Observar uma porta nos eventos é interessantíssimo. A cada dia me convenço mais de que a maioria das pessoas não sabem porque vão, e quando chegam não sabem porque estão, e se estão, não se conectam ao evento.
Gosto dos que entram pela porta com o objetivo de sentar para ouvir. Esses chegam sem questionar com os olhos. De cabeças eretas, como quem sabe o que fazer, entram e pronto. Discretamente se instalam. Não mastigam, nem tossem. Não mexem no celular, nem perguntam se já começou.
Intrigam-me os que invadem a porta, levantam as cabeças, lançam vistas panorâmicas. Observam como quem procura alguém e desaparecem. Vejo a porta vazia, pergunto-me se os olhos delas me alcançaram. Componho as minhas próprias respostas: no instante em que estou num lugar sou parte do lugar, metade, parte inteira ou uma finura de mim. Defino: não fui visto. O olhar demorou o tempo de um silêncio.
Há os que adentram a porta apenas com a cabeça. Seus corpos não atravessam a passagem. Penso que eles sentem vergonha da cabeça que carregam. E também pode ser que a cabeça, pensa o mesmo dos seus corpos. O fato é que eles entram (apenas a cabeça com o máximo-mínimo do pescoço), roda o olhar, roda o olhar, roda e, desaparecem.
Gosto das portas nos eventos. Gosto dos eventos. Mas estranho os que entram e não sabem porque entraram.



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